segunda-feira, 26 de outubro de 2015

VIOLÊNCIA URBANA


Uma aluna me fez uma pergunta que acredito não ter uma resposta conclusiva: "Por que de tanta violência urbana no país?"

Como o tempo para respondê-la era muito curto, pedi que visitasse posteriormente meu blog para ler, não uma resposta, mas alguns apontamentos necessários para a compreensão do problema. Outro motivo de aqui postar tais apontamentos está no fato de possibilitar um debate aberto com os leitores, especialmente com aqueles que constantemente têm deixado registrado suas perspectivas sobre as questões colocadas por mim. Vamos aos apontamentos:

Primeiramente julgo necessário delimitar o fenômeno em pauta. Violência urbana é o conceito do fenômeno social de comportamento deliberadamente agressivo e transgressor exercido por indivíduos ou coletividades nos limites do espaço urbano, sendo ela determinada localmente por valores sociais, culturais, econômicos, políticos e morais de uma sociedade, podendo variar no tempo e no espaço.

Existem diversos fatores para a existência de tanta violência urbana. Podemos começar citando a
influência da globalização que disseminou pelo mundo comportamentos violento, como aqueles originários nos Estados Unidos e na Europa (gangues de rua, a pichação de prédios). O mal funcionamento dos mecanismos de controle jurídicos colaboram para a disseminação da violência de todas as espécies. A falha no exercício da coerção é um dos fatores mais apontados como causadores de condições para o exercício da violência.

Ao contrário do que comumente ouvimos em conversas informais, a violência não tem sua causa na pobreza. Se fosse correto essa afirmação, o continente africano seria o mais violento, assim como seria aqui as Regiões Nordestes e Norte, perspectivamente as mais violentas. O que constatamos é que a violência tem estado relacionada à desigualdade social (veja os níveis de violência na América Latina, assim como na Região Sudeste). A imposição do modelo de consumo capitalista não tem sido condizente com as condições para obtê-lo. Muitos por não conseguirem "ser alguém" (ler-se consumidor em potencial) por meios legais, acabam buscando outras vias (é claro que não é apenas um fator isolado o motivador de tais práticas ilegais).

O Brasil possui características propiciadoras de violência urbana, como a existência de instituições frágeis (entre elas a família), profundas desigualdades sociais e uma tradição cultural violenta (embora camuflada pelo "tipo cordial"). Outra questão importante é a aceitação de condutas ilegais, que dependendo da gravidade é classificada pelos próprios indivíduos como “jeitinho brasileiro”. O brasileiro aceita facilmente o rompimento com as normas jurídicas, seja por parte do Estado (por exemplo, o uso de tortura ao pobre como meio de punição de criminosos ou de investigação), como por parte da sociedade civil (ocupação de espaços públicos por camelôs; infrações de trânsito; desrespeito ao consumidor; empregador que não paga os direitos dos empregados, etc.).

Somado a tais fatores soma-se a exclusão política e o baixo desempenho do sistema educacional de nosso país. Em fim, realizo esses breves apontamentos para reflexão. Não creio que seja uma resposta (o que não é o objetivo), mas um caminho para a reflexão do fenômeno.

Cristiano Bodart    http://www.cafecomsociologia.com/2011/02/violencia-urbana.html

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