A sociologia crítica vai ter no pensamento marxista o seu referencial de análise, pois vai ser a partir do pensamento de Karl Marx que ela irá se desenvolver.
Marx nunca teve a preocupação de criar uma ciência, ou de se localizar em uma delas para desenvolver o seu estudo sobre a sociedade, e isto deu uma amplitude muito grande as suas teorias.
A sociedade não deve ser analisada apenas em um único aspecto, mas sim na sua totalidade. Marx tem como objeto de estudo a sociedade capitalista de sua época.
“Ao analisar o capitalismo, Marx apanha os fenômenos como fenômenos sociais totais, nos quais sobressaem o econômico e o político, como duas manifestações combinadas e mais importantes das relações entre pessoas, grupos e classes sociais. (...) todos os trabalhos de Marx são fundamentalmente, de interpretação de como o modo capitalista de produção mercantiliza as relações, as pessoas e as coisas, em âmbito nacional e mundial, ao mesmo tempo em que desenvolve as suas contradições”. (introdução escrita por Octavio Ianni do livro Marx editora Ática 5ª edição São Paulo 1987)
A partir da produção destes trabalhos que tinha como princípio explicativo a contradição é que muitos autores irão desenvolver vários trabalhos nos diversos campos do conhecimento. Marx vai desenvolver seu método de análise da sociedade capitalista a partir do materialismo dialético e do materialismo histórico. Pois é na contradição que o capitalismo desenvolve o seu modo ser e de pensar. E o método dialético de Marx se fundamenta nas relações de antagonismo.
Os estudos marxistas buscam as relações dialéticas entre o trabalho humano e sua produção, estabelecendo entre ambos relações de identidade, negação e de superação ao mesmo tempo.
Para compreendermos melhor vamos ver os principais conceitos desenvolvidos por Marx.
Marx desenvolveu a
Materialismo Histórico é uma tese do marxismo, segundo a qual o modo de produção da vida material condiciona o conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise da história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas.
De acordo com essa teoria Marx afirma que:
a) Podemos conhecer a sociedade concreta a partir das relações das pessoas no processo produtivo de bens materiais e,
b) Buscando compreender o estágio de desenvolvimento que se encontram as forças produtivas.
“ O MODO DE PRODUÇÃO DA VIDA MATERIAL (base econômica da produção de bens materiais) CONDICIONA O DESENVOLVIMENTO DA VIDA SOCIAL, POLÍTICA E INTELECTUAL EM GERAL (superestrutura da sociedade).”
...a base da organização da sociedade é econômica, e a partir dessa organização surgem as outras estruturas da sociedade (instâncias políticas, jurídicas e ideológicas).
As relações sociais de produção podem ser entendidas como a organização e interação das pessoas e das classes na sociedade, tendo em vista a produção material e a reprodução social, a manutenção e a ampliação das relações socio-político-econômicas.
As forças produtivas são a terra, trabalho, capital e tecnologia: elementos essenciais à produção capitalista
Ao estudar o Capitalismo Marx afirmava que a jornada do trabalhador era composta da seguinte forma:
à Trabalho necessário = remunerado com o salário do trabalhador
+
à Trabalho excedente = “mais valia” , ou seja, o trabalho não pago e apropriado pelo capitalista, decorrente da exploração do trabalhador
(trabalho morto)
Em seu livro mais importante, O Capital, Marx afirmava que a nossa sociedade aparece inicialmente como um grande depósito de mercadorias
O processo de circulação simples de mercadorias
Esse é o processo de circulação simples, onde o empresário A possui uma mercadoria e troca-a por dinheiro, e depois por outra mercadoria que satisfaça suas necessidades.
É importante notar que esse processo começa com uma mercadoria e termina com outra, que sai de circulação para satisfazer as necessidades de quem a adquiriu. Podemos perceber também que a mercadoria caracteriza-se por
Possuir um valor de troca, isto é, uma capacidade para ser trocada e possui um valor de uso, isto é, uma utilidade.
O processo de formação do capital
Se a preocupação no processo de circulação simples de mercadorias é a realização das trocas de mercadorias (comércio), o que caracteriza o processo de formação do capital é a preocupação em produzir mercadorias (indústria).
Podemos representar esse processo da seguinte forma:
Neste processo, a pessoa A tem determinada quantia de dinheiro, que troca por uma mercadoria, para, em seguida, trocar novamente por dinheiro. Por exemplo: a pessoa A possui R$ 200,00 e troca essa quantia por uma camisa, depois troca-a novamente por R$ 300,00, obtendo um lucro de R$ 100,00.
A lei da Mais-Valia
Segundo Marx, é no momento em que o empresário compra a força de trabalho de seu empregado que nasce o processo de exploração capitalista. Como?
O empresário, ao pagar o salário aos trabalhadores, nunca paga a estes o que eles realmente produziram.
Em outras palavras, se no processo D-M-D o empresário fica rico, é porque o trabalhador produz muito mais do que recebe, isto é, o empresário se enriquece às custas não do seu próprio trabalho, mas devido ao trabalho de seus empregados.
Para mostrar essa relação de exploração entre empresário e trabalhador, mostraremos um exemplo:
Se um empresário quiser, por exemplo, aplicar R$ 150,00 na fabricação de um par de sapatos para. obter lucro, deverá ter: uma certa quantia de couro (digamos R$ 10o,00), uma máquina,, cujo gasto para fabricação de um par de sapatos seja de R$ 20,00. Suponhamos também que o tempo de trabalho para fazer um par de sapatos seja de quatro horas.
Sabemos que a força de trabalho é quem aplica através da máquina o trabalho necessário para transformar o couro em sapatos e criar, assim, maior valor na mercadoria. A força de trabalho, porém, pertence a uma pessoa, e para essa pessoa trabalhar durante quatro horas, necessita de certos bens materiais de consumo que equivalem a um dia de sobrevivência (24 horas). Vamos imaginar que o gasto para manter essa força de trabalho durante 24 horas seja de R$ 30,00.
Bem, até agora, o empresário, para fazer um par de sapatos, gastou: R$ 100,00 em couro, R$ 20,00 no uso de máquinas e R$ 30,00 em salário. Total gasto para obter um par de sapatos: R$ 150,00; onde, então, está o lucro?
Esquecemos que o empresário, quando comprou a força de trabalho, comprou-a por R$ 30,00, e esse dinheiro representa 24 horas de uso da força de trabalho: mas o empresário só usou essa força por quatro horas. Para obter lucro, basta aumentar a jornada de trabalho de quatro para oito horas. Teremos: R$ 200,00 em couro, R$ 40,00 no uso de máquinas e R$ 30,00 em força de trabalho. Total: R$ 270,00.
Vimos que o preço real do sapato é de R$ 150,00, mas aumentando a jornada de trabalho para oito horas teremos dois pares de sapatos que custam para o empresário R$ 270,00. Agora, o empresário pode vender cada par a R$ 150,00, e terá, então, R$ 30,00, sendo que para fabricá-los gastou R$ 270,00. A diferença de R$ 30,00 constitui o lucro, isto é,
O excedente de valor produzido que não é devolvido ao trabalhador, sendo apropriado pelo capitalista. Isso é o que Marx define como a mais-valia
OU SEJA
SEGUNDO MARX - acumulação de capital resulta do acumulo de mais-valia (parte que o trabalhador produz e que não lhe é paga)
Concluindo podemos dizer:
OBJETIVO DE MARX era estudar a sociedade de seu tempo (sociedade capitalista)