A ciência é um momento do desenvolvimento cultural da humanidade quando ela pode transformar seus conhecimentos em leis rigorosamente definidas e verificáveis através da experiência controlada segundo métodos aceitos consensualmente. (...) Dado seu caráter objetivo, as leis científicas podem ser aplicadas na execução de objetos e serviços (tanto para a organização da produção ou processo de produção como para dar forma e conteúdo ao produto final), dando origem a uma técnica ou conjunto ordenado de técnicas de produção de bens e serviços.
O encontro entre o processo produtivo e o conhecimento científico só se realizou depois de um longo período de experimentação do uso da ciência para ajudar a produção. Nos seus primórdios, a “ciência”, ainda primitiva e incorporada e confundida com a magia, a religião ou a filosofia, apoiava-se nos avanços da técnica para explicar as leis que os objetos demonstravam existir.
A partir do século XVIII, a ciência começou a experimentar um processo de separação das formas filosóficas de raciocínio e livrou-se radicalmente da religião e da magia. Porém foi somente no século XIX que esta separação se produziu completamente, com o surgimento da química e das várias descobertas que permitiram romper com a noção de espaço e tempo racionalista na qual se excluía o calor e a vida, a história e a evolução. Com a teoria da relatividade, no século XX, a ciência rompeu definitivamente suas amarras com a filosofia e passou a fundar um universo novo derivado diretamente de seus conhecimentos.
(Theotonio dos Santos in Democracia e Socialismo no Capitalismo dependente, páginas 71 e 72, Petrópolis, Ed. Vozes 1991.).

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